Despedir-se
é complicado, fazer discurso de despedida mais ainda. Eu fiquei pensando o que
poderia falar aqui, o que eu teria que falar. É só uma despedida? Então poderia
dizer: Foi muito bom! Obrigado a todos e Tchau! (seriam palavras de despedidas
não seriam?) Até que seriam, mas não as corretas. Talvez devesse haver mais
formalidade... Então eu diria: caríssimos companheiros de classe foi muito
honroso compartilhar de vossa presença durante o ensino médio. (Acho que também
não ficaria legal) Assim falta emoção e naturalidade.
Bom,
boa noite senhora diretora, amados pais, queridos professores e amigos.
Além das boas noites sempre formais, nenhuma
palavra parecia evidenciar todo esse sentimento dentro de mim. Depois de um
certo tempo explicaram-me o motivo de tanta incerteza para escrever esse
discurso. Era minha resistência. Resistência de escrever e ler a vocês o
discurso que definitivamente dará adeus aos meus tempos de colégio, fim que
parecia tão distante e que eu nunca imaginei chegando. Fim que antes parecia
tão doce, poético e que agora apenas dói só de pensar na saudade que ficará
para sempre em nossos corações. Vocês se lembram do ditado: “O mundo dá
voltas”? Significa que nada fica ruim e bom o tempo todo. O mundo dá volta e
nas voltas da vida as coisas mudam, às vezes pra melhor ou pra pior. Hoje é o
fim de uma dessas voltas e sabemos que depende de nós fazer com que essa nova
volta seja melhor. A única coisa que peço daqui pra frente é que eu nunca
esqueça quem são vocês e o que fomos um para o outro. Sem ser pessimista, mas
pode acontecer que não vamos nos ver novamente, que cada um de nós vai seguir a
vida que escolhemos. É... Dessa vez nós podemos decidir o que fazer. Em algum
momento eu quero olhar pra algum objeto ou me deparar com uma situação ou até
mesmo me esbarrar com algum de vocês na correria diária e tomar um minuto da
minha vida já tão adulta e cheia de responsabilidades para me lembrar de quem
foram vocês, para lembrar o quão importantes vocês foram e talvez para lembrar
o como era bom ser adolescente. Eu não quero me esquecer de vocês e eu não vou!
E digo isso para vocês também professores, apesar de todos os percalços, de
todas as dificuldades são em vocês que confiamos. Mestres que não abandonam
seus caminhos por mais difíceis que sejam, mantendo vivo o compromisso de
educar. Como dizia Fernando Pessoa, “tudo vale a pena, se a alma não é
pequena”. Nossos mestres de alma enorme...
Todos
nós já sentimos aquele friozinho na barriga no portão da escola, seja no
primeiro dia de aula das nossas vidas, seja no nosso primeiro dia de aula na
quinta série ou até mesmo no primeiro ano do ensino médio em que já nos dizíamos
tão crescidos. Aquele friozinho que nos fazia ficar agarrados aos nossos pais
ou até mesmo forçava-os a entrar de mãos dadas conosco. Pois é, nesse momento
eu sinto a mesma coisa. Eu estou com medo e sei a responsabilidade que está em
minhas mãos agora. Sou responsável agora pela vida que tenho a escolher,
torno-me responsável pelo mundo e a todas as possibilidades que a vida tem a me
oferecer. Mas e agora? Eu que sempre tive um leque de possibilidades do que
fazer ou não do meu futuro, sinto que a responsabilidade está soando em meus
ouvidos. Quando tínhamos cinco anos, nos pediram que disséssemos o que
queríamos ser quando crescesse. Nossas respostas foram coisas como astronauta,
presidente, ou no meu caso, uma princesa. Quando estávamos com dez anos, eles
perguntaram novamente. Nós respondemos a estrela do rock, cowboy. Mas agora que
nós crescemos, eles querem uma resposta séria. E quem sabe? Este não é o
momento de tomar decisões duras e rápidas, esta é a hora de cometer erros.
Pegar o ônibus errado e ficar preso em algum lugar. Mude sua mente e mude de
novo porque nada é permanente. Então cometa muitos erros, o tanto que puder.
Dessa forma, algum dia, quando voltarem a perguntar o que queremos ser, não teremos
que adivinhar. Nós saberemos!
Do
“João Ribeiro” só restarão lembranças e que lembranças! E apesar dos pesares,
entre trancos e barrancos, ou melhor, entre morros e barreiras, teremos sempre
no peito o sentimento de gratidão. Gratidão a esse espaço de convivência que
tivemos aos mestres que se tornaram amigos, e os amigos que se tornaram
mestres, pois cada um do 3ºB que hoje sai daqui, também deixa algo de si com
cada um de nós...
Os
desejos que ficam são os melhores possíveis. Que todos consigam ingressar na
profissão dos sonhos, que ninguém envelheça e que todos fiquem ricos, mas se isso
não for possível, tudo bem. Com certeza teremos outras coisas que valerão a
pena. Então vamos cair com tudo nesse abismo louco chamado: futuro.
Obrigado
a todos!
3ºB/2013